Afinal de contas, o F/A-18 quebrou ou não a barreira do som em Pirassununga?
Então está havendo muita discussão sobre o Boeing F/A-18 ter ficado supersônico ou não na apresentação do EDA.
Existem dois tipos de mito sobre voo suspersônico: um fala sobre a quebra de vidros e estouros de tímpanos para quem sobreviver ao evento. O outro mito é sobre o cone de condensação (Singularidade de Prandtl-Glauert) em que as pessoas associam a criação do cone à quebra da barreira do som, o que não é verdade. A formação do cone tem a ver somente com a umidade do ar e compressibilidade deste próximo à velocidade do som e não com a quebra da barreira em si. Aliás, a singularidade é uma hipótese matemática que não explica ainda toda a causa do fenômeno. Logo abaixo tem um vídeo que fiz ano passado em Oshkosh que mostra a formação do cone SEM que o F/A 18 tenha ficado supersônico.
Em relação ao primeiro mito, desculpem informar que quebrar a barreira do som em um F/A 18 não vai estilhaçar os vidros de sua casa nem deixar seus tímpanos sangrando. Este mito deve ter se formado na época do Concorde, em que o estrondo sônico poderia sim quebrar vidros se ocorresse próximo o suficiente do alvo. A diferença entre o F/A 18 e o Concorde é o tamanho. O “sonic boom” é diretamente proporcional ao tamanho do bólido.
O barulho emitido pelo F/A 18 em voo supersônico é mais parecido com um tiro de espingarda do que com um tiro de canhão ou uma explosão.
Em uma das passagens no sábado, eu estava muito próximo ao equipamento de som do Vadico e não percebi os “tiros” na passagem rápida, apenas vi o cone no voo SUBsônico. Quando fui editar o vídeo depois, ouvi nitidamente três “tiros” na passagem, e o vídeo do Roni Goes está ainda mais audível porque ele estava mais longe da fonte de som.
Video com o barulho aos 0:11
O barulho significa então que ele ficou supersônico? Não necessariamente.
Bem, pode ser que o corpo inteiro da aeronave não tenha ficado, pode ser que apenas em algumas partes da aeronave o ar tenha acelerado o suficiente para ficar supersônico, mas o fenômeno ocorreu sim, a menos que alguém consiga explicar de outra maneira o que foram estes 3 estampidos na passagem.
A questão é: por que 3 “tiros” ao invés de 2? Aqui eu só posso fazer hipótese, pois não sei explicar. Paralelo a trajetória de voo do F/A 18 do lado direito ficam os hangares da AFA e imagino que a repetição dos tiros tenha sido por efeito do eco entre as paredes do hangar.
Se alguém perguntar ao piloto, ele dirá que não passou de mach 0.9, obviamente :)
Para terminar, uma coletânea das apresentações com tempo feio do sábado dia 12.
Vídeo do ano passado Oshkosh, sem estampido mas com cone de condensação.
Para ver o programa do Mythbusters (em inglês) sobre sonic boom com o F/A 18, clique aqui.