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Como é feito o cálculo de combustível para o voo?

O texto original “Como é feito o cálculo de combustível para o voo” foi escrito originalmente em 3 de dezembro de 2016 por Gustavo Pilati. O texto foi reeditado por Lucas Conrado, considerando as mudanças no RBAC 121 depois de 2016.

abastecimento de combustível
Mesmo anos depois do acidente com o voo da Chapecoense, muita gente ainda se preocupa com o abastecimento de aviões. Na aviação regular, legislações restritas garantem o abastecimento correto dos aviões. (foto: Lucas Conrado)

Em novembro de 2016, um voo fretado pelo time da Chapecoense caiu nos arredores de Medellín, na Colômbia. Investigações apontaram que, conforme as suspeitas iniciais indicavam, a aeronave caiu por falta de combustível. Desde então, muitas pessoas têm medo de voar, com receio de isso se repetir em seus voos. Você pode ficar tranquilo. O que aconteceu em Medellín não vai se repetir.

O Regulamento Brasileiro de Aviação Civil 121.645 define regras bem claras sobre reabastecimento para companhias aéreas seguirem. Inclusive, a regulamentação brasileira é muito parecida com a do mundo inteiro, portanto, mesmo se for um voo feito por uma companhia aérea estrangeira, isso não vai acontecer. Essas regras garantem que, o que aconteceu naquele trágico voo, não vai se repetir, especialmente na aviação regular.

O post foi atualizado, com modificações do RBAC 121 feitas depois de 2016.

Você está com medo de voar? Se liga na dica abaixo!

Já adiantando a conclusão do texto: os aviões levam muito combustível extra, já esperando que imprevistos aconteçam, como a necessidade de alternar para outra cidade. Isso é uma prova de como a aviação é segura e você pode viajar sem medo. Inclusive, nos dias 31 de maio, 1º e 2 e junho, nós vamos fazer um Intensivão Sem Medo de Voar! Em cada aulão, vamos abordar um tema que assusta muita gente quando vai viajar de avião. Por exemplo, no dia 31, o aulão vai ser sobre pousos e decolagens. Em seguida, no dia 1º de junho, a gente vai falar sobre os ruídos dos aviões. Então, no dia 2 de junho, a gente vai abordar a tão temida turbulência!

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O que o RBAC 121 diz?

As regras mudam um pouco de acordo com o tipo de motor do avião. Por exemplo, aviões com motores convencionais, tipo os Cessna Caravan, têm uma regulamentação específica. Da mesma forma, aviões com motores turboélice ou a jato, como os ATR-72, os Embraer, Boeing e Airbus, seguem outra regulamentação. No entanto, boa parte das regras se encaixam em todos os casos. Essas regras, dizem que o cálculo de combustível deve levar em consideração os seguintes pontos:

O que vai consumir no aeroporto de origem

Primeiramente, o cálculo deve considerar todo combustível que o avião vai queimar antes da decolagem. Essa quantidade inclui o que vai ser usado durante o táxi e até o que a APU vai queimar. APU é a sigla em inglês para a unidade auxiliar de energia. Esse é um motor extra que alimenta muitos aviões com energia elétrica, pressão pneumática e mantém até o ar condicionado enquanto os motores estão desligados

Até o combustível da APU é considerado no cálculo da companhia aérea
Até o combustível que os aviões queimam com a APU ligada em solo entram no cálculo das companhias aéreas (autor: Lucas Conrado)

O que vai consumir no trajeto

Como o nome diz, é o combustível necessário para fazer o voo programado. Essa quantidade leva em consideração o peso do avião, informes e previsões meteorológicas, restrições e atrasos previstos, entre outros fatores. Por exemplo, um Airbus A320 com 120 passageiros voando em linha reta entre Belo Horizonte e Cuiabá consome X combustível. Entretanto, se uma tempestade no caminho provocar um desvio e o avião estiver levando 160 passageiros, a quantidade de combustível embarcada vai ser maior.

Inclusive, vale a pena dar uma conferida nesse texto: O que os pilotos fazem pelo bem estar dos passageiros?

E se precisar esperar no aeroporto de destino?

Aqui entra o combustível necessário em caso de arremetida ou se o avião precisar fazer uma espera para pousar no aeroporto originalmente programado. Dessa forma, o avião deve levar 10% do combustível usado no trajeto original. Além disso, o mínimo de combustível extra deve ser o suficiente para o avião sobrevoar a 450 metros acima do aeroporto por pelo menos 5 minutos.

Por exemplo, digamos que no voo entre cidade A e B, o avião vá queimar 2.000 kg de combustível. Ele precisa levar 2.200 kg, já considerando esses 10% extras. Se esses 10% não forem suficientes para ele sobrevoar o aeroporto de destino por 5 minutos, precisa pôr mais combustível aí. E ainda tem mais!

OK, vamos para outro aeroporto

Se o avião não puder pousar no aeroporto programado, ele ainda deve levar combustível suficiente para voar para outro em segurança. Por exemplo, o voo decola de Guarulhos para Belo Horizonte. Caso haja um problema em Confins, o avião precisa ter combustível extra. Esse combustível deve ser o suficiente para, por exemplo, arremeter em Belo Horizonte, voltar à altitude de cruzeiro e fazer o voo para o Rio de Janeiro, Brasília ou voltar para São Paulo. Nesse caso, deve-se considerar o aeroporto mais distante de Confins para fazer o cálculo de combustível.

E se houver uma emergência nesse alternado?

Não bastasse tudo que mencionamos, ainda há mais um adicional. Essa quantidade para o alternado, está considerando que o avião faça um voo normal. Agora, imagine que haja uma despressurização a bordo? Nesse caso, o avião precisa voar a uma altitude menor, para que o ar seja respirável na cabine. E menor altitude significa maior atrito com o ar, logo maior consumo de combustível.

Aliás, talvez você se interesse por esse post aqui: rolou uma despressurização! E agora?

Portanto, o avião precisa de ainda mais combustível. Além de considerar o trajeto com maior gasto, ainda é preciso levar combustível para o avião fazer 15 minutos de espera, 450 metros acima do aeroporto de destino, fazer aproximação e pousar.

Enfim, a reserva

Esse é um nível de combustível no qual o avião NUNCA deve chegar. Ainda é seguro voar nessa condição, mas as regulamentações internacionais mandam os aviões pousarem antes de chegarem na reserva de combustível. Se o voo for feito por um avião de motor a pistão, o combustível de reserva deve ser o suficiente para voar em altitude e velocidade de cruzeiro por 45 minutos. Já num turboélice ou num avião a jato, a reserva é o suficiente para voar por 30 minutos, 450 metros acima da altitude do aeroporto. Isso à velocidade de espera.

Aliás, você sabe como as companhias pagam para abastecerem os aviões? Então, confira no vídeo abaixo!

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Existe o risco de acabar o combustível durante o voo?

A resposta é: não, não há. Afinal, olha a quantidade de combustível que entra no avião: 1) O que o avião vai queimar durante o taxiamento e com a APU (se tiver); 2) O que vai usar durante o voo, considerando o peso e o trajeto; 3) 10% dessa quantidade do trajeto original; 4) Se ele não conseguir pousar no aeroporto, ainda tem combustível para voar para outra cidade. Inclusive, voar em baixa altitude numa emergência, com consumo maior; 5) ainda tem a reserva para o avião poder voar por meia hora sobre o aeroporto alternado. Portanto, você percebe a quantidade de combustível extra que entra?

O piloto ainda tem autonomia para colocar mais combustível no avião, se julgar necessário. Além disso, é comum companhias abastecerem um pouco a mais em estados que tenham menores taxas. Assim, é praticamente impossível que aconteça na aviação comercial o que houve com a LaMia. E, o próprio acidente com a Chapecoense, trouxe ensinamentos à aviação.

Portanto, você pode voar tranquilamente, já que ali tem bastante combustível!

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