Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email

Está com medo de voar em 2014? Então leia isso.

Meu Deus!
Muitos acidentes aéreos noticiados e ainda estamos em Julho! O que está acontecendo?
Estou lendo no UOL que 2014 já tem mais mortos por acidentes aéreos que 2012 e 2013 juntos! Claro que enquanto lia a matéria tremendo de medo, também cliquei no link no meio do texto para relembrar os dez piores acidentes aéreos da história e ter a certeza de que estamos indo pro buraco e nada nos salvará. A partir de hoje vou direto para a rodoviária, agora só viajo de ônibus!

Pare tudo amigo.

Existem diversas maneiras de apresentar dados sobre qualquer assunto, e se a manchete do assunto for “explosiva” (desculpem o trocadilho), melhor ainda. Da maneira que estão sendo noticiados os últimos acidentes, a impressão que se tem é que de repente a aviação passou a ser insegura (a menos que você leia a notícia inteira, prestando bem atenção, aí talvez perceba que a manchete não tem muito a ver com o conteúdo em si).

Vou usar as mesmas fontes de dados que serviram para dar corpo a notícia do UOL, ou seja Flight Safety Foundation e a IATA.

Primeiro ponto a se questionar: O tráfego aéreo cresceu ou permaneceu o mesmo no período analisado? Porque veja bem, se o número de carros em São Paulo aumenta, é esperado que os acidentes também aumentem certo? E é isso que acontece em relação aos automóveis, quanto maior o número deles nas ruas, maior o índice de acidentes (não proporcional obviamente).

E na aviação?

Bem, sabemos que o número de passageiros transportados tem aumentado a cada ano. Então para criar os gráficos abaixo, usei dados da IATA de 2005 a 2013 (2005 foi considerado um dos piores anos em matéria de acidentes/vítimas e os dados de 2014 obviamente ainda não existem).

O número de passageiros transportados entre 2005 e 2013 cresceu 53%! E o número de acidentes acompanhou? O gráfico fala por si só.

Pax-x-acidentes

Ok, Lito, mas a matéria do UOL é clara, ela fala que o número de vítimas fatais aumentou, não fala sobre o número de acidentes.

Sim amigo, claro que ela não fala do número de acidentes, não tem graça mostrar número baixo, senão a manchete perde impacto. Mas não se pode ver as coisas isoladas, vamos ver o gráfico com os dados apresentados pelo UOL, já considerando o último acidente com o Swiftair em Mali.

Pax-x-acidentes-uol

Não parece que há algo errado neste gráfico em relação ao outro? Claro que há, o número de vítimas fatais está incompatível com o número de acidentes para os padrões modernos de segurança na aviação civil. Como se explica essa discrepância então?

Simples Gafanhoto, o “acidente” com o Malaysia MH17 não foi acidente, foi crime, e como tal, não poderia entrar em uma estatística de vítimas de acidentes aéreos. Da mesma maneira, o desaparecimento do Malaysia MH370 não foi solucionado e como não se sabe se foi também ato criminoso ou acidente, o número de vítimas também não poderia ser utilizado em estatísticas.

Um gráfico correto, desconsiderando estas vítimas citadas, seria assim:

Pax-x-acidentes-corr

Agora o gráfico passa a fazer sentido em relação a todo o trabalho que vem sendo desenvolvido nos últimos anos na aviação para reduzir o número de acidentes e caso estes aconteçam, que a possibilidade de sobrevivência seja mais alta. Se eu fosse corrigir o primeiro gráfico dos acidentes, retirando também os dois voos da Malaysia, teríamos 2014 como o ano mais seguro da história da humanidade para se voar, ao contrário do que todos são levados a pensar pelo bombardeio de notícias.

Eu não estou sendo frio e insensível com as vítimas do avião abatido ou do avião desaparecido, minha tristeza em relação a elas é tão grande ou maior do que as de acidentes, mas é preciso ser racional e não colocar todas as coisas no mesmo saco para causar impacto, como a imprensa costuma fazer.

Tuitei há alguns dias sobre um americano que fez uma tabela perguntando se era seguro voar em empresas aéreas que tiveram acidentes no passado, e critiquei dizendo que não é assim que se mede a segurança na aviação.

Aliás, não há um método que se possa medir a segurança. O gráfico acima mostra de uma maneira clara que cada vez existem mais pessoas voando e cada vez menos acidentes, mas isso não é medição de segurança, são estatísticas de acidentes.

Não é possível medir com exatidão a segurança. Não é possível saber quantas decolagens não foram abortadas ontem. Não é possível saber quantos pneus não estouraram, quantos vazamentos não ocorreram, quantas tempestades não foram enfrentadas. E tudo isso acontece todos os dias por causa dos profissionais e pelos procedimentos criados para diminuir ao mínimo a possibilidade de que um erro possa causar um acidente.

Eu poderia falar sobre ônibus e automóveis, mas deixa pra lá.

Fontes consultadas:
Flight Safety Foundation
IATA (Dados da IATA no site Worldbank)

+ do Blog Aviões e Músicas

Voando com o Lito pelo Nordeste

O Michigan é um dos 50 estados que fazem parte dos Estados Unidos, localizado na região norte–nordeste do país, sendo o maior produtor de carros e caminhões, além de ser o

Leia Mais »
logo aem site rodape 2

Um portal feito para leigos, entusiastas, curiosos, geeks, amantes de aviões, aeroportos e viagens.