Sobre o acidente na Indonésia e a segurança aérea
Outro acidente aéreo na Indonésia.
A segurança da aviação não é um processo ditado pela sorte, muito ao contrário é um processo constante e contínuo de vigilância e adoção de procedimentos corretos. Ainda é muito cedo para saber o que aconteceu com o ATR-42 da empresa Trigana Air que se chocou com uma montanha (sinônimo de território Indonésio), mas este é o segundo acidente da empresa só neste ano e ela faz parte da lista negra da União Européia.
O fato de estar na lista negra não significa muito, já que para sair da lista é preciso uma auditagem que custa muito dinheiro e pode não ser interessante para uma empresa de voos locais. O que quero dizer com isso é que a lista negra tem um caráter mais abrangente, em nível de País, do que em nível específico da empresa e não define que o acidente ocorreu por causa disso.
Recebi muitos e-mails, principalmente das pessoas que têm receio de voar, sobre o fato do avião ser um turboélice, e portanto, “menos seguro que um avião a jato”. Este tipo de discurso está muito longe da verdade. O ATR (e qualquer outro turboélice) é tão seguro quanto um avião a jato. Na verdade, o turboélice é um avião a jato, só que ao invés do jato fazer a propulsão, a hélice faz a tração. E tem mais, só porque tem hélice não significa que seja antigo. <<<< Leiam isso.
Como eu disse em um post anterior:
A Indonésia é um país composto por diversas de ilhas que se espalham por uma longa distância e de muitas maneiras a aviação é o único meio de transporte para ligar estas ilhas. As condições meteorológicas lá são terríveis e o terreno muito montanhoso, as operações definitivamente não se encaixam em rotina. Junte a isso o fato de não haver informações confiáveis sobre o tempo (muitos dizem que os METAR (reportes meteorológicos) são feitos por pessoas que olham para fora e verificam se dá pra ver a montanha, e não por instrumentos aferidos – não tenho como confirmar esta informação) e temos uma receita para acidentes.
Nada sobre o País ou sua infraestrutura é comentado nas matérias sobre os acidentes, apenas o cruel fato de que mais pessoas pereceram no transporte aéreo – e óbvio, as conspirações. Teve órgão de imprensa que estampou no meio da notícia as fotos dos pilotos como sendo pertencentes a grupos pró-ISIS, deixando no ar que poderia ter sido um atentado. Não sei vocês, mas acho que tentar derrubar uma montanha com um avião não parece ser um bom plano terrorista.
Infelizmente ainda teremos um outro acidente na Indonésia antes que o ano termine, e não precisamos ser nenhum Jucelino Da Luz pra vislumbrar isto, porque a segurança não depende de sorte.