Uma pequena história do Boeing 727, parte 2
Como vimos na parte 1, o Brasil teve um largo número de Boeing 727-100 em operação. Mas ele possuía um irmão maior, o alongado Boeing 727-200. Coube à VASP ser a pioneira em 1977, mais precisamente em 19 de Abril, quando o PP-SNE chegou ao país seguido logo do PP-SNF e posteriormente do PP-SNG/SNH/SNI/SNJ. Essa frota foi configurada com 152 assentos e efetuava vôos de alta densidade da estatal paulista tais como Congonhas – Brasília – Manaus, Congonhas – Rio – Salvador – Recife – Fortaleza – Teresina – São Luís – Belém – Manaus, Congonhas – Rio – Brasília – Teresina – São Luís – Belém, entre outras.
Visando ampliar sua demanda enquanto aguardava os seus A-300, a VASP buscou arrendar mais dois 727 SUPER 200 (como foi batizado na empresa) e assim vieram o PP-SMK e PP-SRK, este último teve a infeliz primazia de ocupar entre 1982 até 2006 o papel de protagonista em acidente aéreo do Brasil, quando o VASP 168 cumprindo a rota CGH – GIG – FOR, explodiu ao chocar-se com a Serra da Aratanha em Fortaleza. Ironicamente, em 1984, após 7 anos de presença na VASP, os SUPER 200 perderam o prestígio das principais rotas, agora voadas pelo A300, e tinha também o fator limitação operacional a partir de Congonhas que os restringia em vôos longos sempre tendo que passar por Brasília ou Galeão para assumir uma perna maior. Faziam fretamentos para Bariloche na Argentina. Mas a direção da empresa entendeu que o avião tinha alto custo e começou a negociar diversas unidades arrendadas para terceiros ficando apenas o SNJ na frota ao lado do SNG que voltou após período americano. Ambos ficaram no pinga-pinga São Paulo – Manaus via Rio, Salvador, Aracaju, Maceió, Recife, Fortaleza, Teresina, São Luís, Belém até 1989 quando saíram da frota em favor dos 737-300.
O avião teve sua imagem intimamente ligada nos anos 70/80 à VASP, seu único operador. Mas o país assistiria o retorno em massa do tipo a partir de 1995 quando TABA/AIR VIAS dividiram entre si o PP-AIV e o PP-AIW. Mas essa operação foi curta e o avião era visto na rota Belém – Santarém – Brasília – Belo Horizonte além de charters que incluíam Porto Seguro entre os destinos. Coube a FLY trazer mais 727-200 para o país para operação de passageiros o que fez com sucesso entre 1995 até 2003. Virou avião favorito dos times Brasileiros entre eles o GRÊMIO durante a Libertadores de 1995 quando chegou adesivado em Porto Alegre em comemoração ao Bi-Campeonato do time Gaúcho na competição, mas também protagonizou um acidente que quase custou a vida do Corinthians na Libertadores de 1996 ao varar a pista de Quito, no Equador. A FLY se imortalizou na rota GRU-GIG-FOR-NAT-GIG-GRU até encerrar operações em 2003. outro operador foi a VIA BRASIL que operou o PT-MLM em rotas parecidas só que dessa vez com a rota GRU-REC-JPA-NAT-FOR-GRU até encerrar operações em 2002, tive oportunidade de atender este avião quando era agente de aeroporto lá em Porto Seguro
A TRANSBRASIL seria um operador de 727-200, mas desistiu do avião em favor do 767-200. Um destes foi construído como 727-2Q4, designação da TBA na Boeing, porém voaria na VASPEX como PP-SFG e hoje está abandonado em São Luís-MA. Como cargueiro o avião operou na VARIGLOG (que recebeu anos depois de volta o PP-SNE como PR-LGB e PP-SNF como PR-LGC), ITAPEMIRIM, VASPEX, RIO, TAF, AIR BRASIL e outros operadores que tentaram mas não saíram do papel como SP CARGO, PLATINUM (ia operar com pax), VICA, TROPICAL. Atualmente é possível apreciar os 727 em operação CARGO através da TOTAL LINHAS AÉREAS e RIO. Infelizmente não é mais possível ver 727-200 em transporte de passageiros, um avião que marcou época tal qual o 727-100.